Qualquer
dia desses eu lhe chego e te faço uma festa. E nesse dia, quando eu chegar à
sua porta, eu vou querer olhar bem pra você, olhar bem dentro da sua cara.
Vou
arrancar olhos, lamber o corpo e gritar, gritar tanta coisa que você não vai
entender nada. Eu vou causar o caos e tirar todas essas dores e não me importe
que não goste de surpresas ou festas no meio da noite.
Mais dia
menos dia e você vai ver, chegar metendo o pé na porta, te segurar pelos
joelhos e olhar bem fora das órbitas dos seus olhos.
Levar
raiz de planta, cuspidor de fogo e o caralho a quatro e aí quero ver você se
aguentar de baixo desse teto. Comemoração de um mês e o povoado todo vai vir e
inclusive você vai voltar pra dentro de si. Banda tocando na sua porta. Gente
trepando no sofá. E nenhuma viga vai ficar de pé, nem a sua.
Pode
esperar, num dia desses eu te ligo no meio da noite falando manso. E eu vou falar
tão baixo que você não conseguirá escutar a minha voz ou qualquer tipo de som,
mas eu ainda vou estar ali do outro lado da linha, chamando seu nome,
implorando por festa. E nada disso vai chegar. E nada depois do vir também vai
chegar.
Te
arrasto pelo cabelo no meio da sua sala. Digo que te amo, qualquer coisa assim.
E você cravando todas as suas dez unhas no meu rosto, nas minhas costas. E eu vou
te dar um sorriso. Um sorriso sim, porra, porque a festa vai estar dentro de
você. E toda essa chaga antiga, essas dores no corpo vão estar em outro lugar.
Eu vou
estar dentro, tirando do sério qualquer situação contrária que não seja amor.
Mais dia
menos dia e você vai ver, chegar metendo o pé na porta e te pedindo pra ficar.
Qualquer
dia desses.
Bianca Burnier