O que existe entre nós é só notícia.
E não pense o contrário disso tudo, eu vejo, escuto. E só bem saberá de mim o que eu bem quiser e
entender, na minha hora. E não haverá nunca esmola maior da que eu decidir lhe
dar.
Um dia eu acordo e digo a mim mesma, o que existe entre nós
é só notícia. E essa percepção de adequar-se a esse meio. De onde virá tal
coisa que espero tanto e amargo tanto¿ Essa notícia de como o calor está agindo
sobre sua pele e a quantas anda o trabalho no centro da cidade.
E que o céu seja aparato de toda essa responsabilidade, ele a
tudo enxerga de sua altura, e que este sim me mande notícias e não dependa de
vontade sua mandar carta ou indireta por amigos. Porque eu, eu sim estou aqui
escrevendo coisas e eu sei com toda a minha certeza de altura que um dia
você estará aqui, diante disso tudo, me lendo. E por mais que eu não queira dizer nada, você terá a mim em
forma de novidade, imortalizada aqui em palavra.
Foto notícia do instante em que for lida, eu sendo
descoberta como imagem fotografada por retina, sendo eterna enquanto persistirem
as formas do meu rosto na palma de sua mão.
Agora, talvez eu seja só notícia, nada além de amontoado de
letras por sobre papel.
Inconsistente, como qualquer jornal-pessoa que se compra por
aí.
Um dia me esqueço de tudo e ainda viro água. Cair do céu,
assim feito notícia, em cima de você.