viernes, febrero 22


O que eu queria hoje?
Queria dar uma trepada
uma só
e dormir


Esse tipo de trepada


Queria pele, muita carne por cima de mim
Sabe?
Bem em cima de mim
Desse jeito mesmo
não me deixar nem respirar.
Sufocar com o peso por sobre minha carne também
Suor
Mordida de batom
Em carne minha
Por entre as coxas
Subindo leve
E o
Arrepio do vermelho batom no dia seguinte,
Ainda marcado

E o arrepio sem amor
de nome inventado
na mesma hora
ainda marcado


- Prazer, Fulana sem nome mesmo.

Só trepada

E andar pela rua depois

Voltar sorrindo

Sem nenhuma água ter lavado o corpo.

E pensar em amor
Mais tarde.



jueves, febrero 21

Notícia


O que existe entre nós é só notícia.

E não pense o contrário disso tudo, eu vejo, escuto.  E só bem saberá de mim o que eu bem quiser e entender, na minha hora. E não haverá nunca esmola maior da que eu decidir lhe dar.

Um dia eu acordo e digo a mim mesma, o que existe entre nós é só notícia. E essa percepção de adequar-se a esse meio. De onde virá tal coisa que espero tanto e amargo tanto¿ Essa notícia de como o calor está agindo sobre sua pele e a quantas anda o trabalho no centro da cidade.

E que o céu seja aparato de toda essa responsabilidade, ele a tudo enxerga de sua altura, e que este sim me mande notícias e não dependa de vontade sua mandar carta ou indireta por amigos. Porque eu, eu sim estou aqui escrevendo coisas e eu sei com toda a  minha certeza de altura que um dia você estará aqui, diante disso tudo, me lendo. E por mais que eu não queira dizer nada, você terá a mim em forma de novidade, imortalizada aqui em palavra.

Foto notícia do instante em que for lida, eu sendo descoberta como imagem fotografada por retina, sendo eterna enquanto persistirem as formas do meu rosto na palma de sua mão.

Agora, talvez eu seja só notícia, nada além de amontoado de letras por sobre papel.

Inconsistente, como qualquer jornal-pessoa que se compra por aí.
Um dia me esqueço de tudo e ainda viro água. Cair do céu, assim feito notícia, em cima de você.