domingo, agosto 5

Eu


Quando se deu conta do que via, não acreditou por nem ao menos um instante. Poderia alguém furtar-lhe as cousas guardadas na pele?
Tal e qual Roxanne a prima apaixonada, lhe veio à dor duas vezes de se perder o bem amado. E quanto mais se jurava ao sol estar brilhando, mais continuava sofrendo em pranto, pois que este não mais brilha e sim apaga.
Sentiu o cheiro aprisionado das rosas na ante-sala, que a fazia lembrar de sua primeira vez com a morte. Era solitário o cheiro das rosas, assim como o corpo já sem vida em cima da mesa, era isso a alma de Coralina.
Tomou as lágrimas como parte do rosto, quando estas vieram, não as deixou rolar e secar como fazem os tristes, pois não pertenciam a ela e nesse instante deu-se conta de que nada era seu.
Escrevia mil vezes o seu nome na própria pele e nem assim ela sentiu-se pertencente, privada ou mais-alguém. Nesse momento riu involuntariamente, ria de si mesma e das lágrimas, ria também do amor que nunca teria, pois não queria este e se ria dele.
Era sua auto-ironia e em um processo convexo perdia-se em alguma parte, marcando e gritando histericamente “Eu” na pele que não era sua.



Bianca Burnier

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