miércoles, agosto 1

A Sobriedade das Cores

Na esperança de que algo causasse estranheza ao que sentia, abriu a gaveta do armário e logo de primeira conseguiu identificar o objeto que a faria melhor. Analisou por alguns instantes a forma insegura e pensou no espaço em que ocuparia em seu corpo caso resolvesse engolir tudo de uma única vez.

Em poucos passos alcançou a janela e olhou para baixo ainda segurando o frasco. Tentou agarrar com a mão que lhe sobrara um pouco de ar para levar aos pulmões, como fazia ainda menina e ficou a pensar se não era o ar que abraçaria sua mão e não ela e sua tentativa anterior.

Olhou ao redor e viu as paredes do apartamento muito bem pintadas com cores sóbrias e por instantes o objeto que carregava consigo desequilibrou a sobriedade das paredes, infligindo uma espécie de nova regra ao espaço.
Retornou a gaveta do armário, abriu, e logo de primeira conseguiu identificar o objeto que a faria melhor. Como se previsse o próximo passo pensou que o ar faria bem para seus pulmões e com a mão que lhe sobrara agarrou sobriamente a outra mão, olhou para baixo e pensou no espaço em que ocuparia em seu corpo caso resolvesse engolir todo o ar de uma única vez.

Logo encontrou as paredes dentro do frasco e em longos passos alcançou o ar sóbrio que adentrava no apartamento e fazia com que suas mãos ficassem nervosas, respirou o desequilíbrio para seus pulmões e o seu rosto bem pintado causou estranheza ao se olhar na janela, e como se ainda fosse menina olhou para baixo agarrada ao frasco e desequilibrando as nuvens infligiu uma nova regra ao apartamento.

Bianca Burnier

No hay comentarios.: