martes, marzo 6

O Cadáver do Meio Dia


Sempre acordara com a irremediável sensação de que o telefone estava tocando, porém fazia sempre o menor esforço que é possível a um homem para conferir se esta súbita verdade ou não era real ou apenas mais um dos pesadelos que o afligia. E mesmo sem pressa ou vontade de o faze-lo, este sentimento de que alguém o ligara durante a madrugada atormentava de tal maneira sua razão que este em certas vezes ficava acordado imaginando qual notícia aterradora poderia dar-se lá para as tantas da noite, pois que se fossem boas, esperariam até o clareio do dia.


Não havia o menor sentido que fosse para crer em tais conclusões, apenas crescera acreditando que as novas boas chegavam aonde havia luz, quando se podia ver.Escuro, escuro, escuro, dádiva da lucidez, momento ímpar onde este pode-se valer de seu contrário.


Esse desespero, essa exatidão que incide sobre os maus augúrios. Por que se cria tamanho exaspero em avisar maus ventos quando somos nós que detemos esse tipo de cousa? Qual instante não nos permite que se aguarde o tempo certo do outro para passar adiante as más notícias?


E em como todos os dias essa angústia da possibilidade do fim de algo ou quem sabe até a morte de alguém, perdurava mais ou menos até o horário do almoço, pois que se fosse o fim de mundo com certeza nem o sentiria e nem ao menos saberia de telefone tocando e caso houvesse um morto motivando a ligação durante a noite este apareceria por intermédio de outro cobrando a ida aos cortejos fúnebres e as condolências a família, porque não existe cadáver depois de feito que não reclame algumas exigências aos loucos que perduram depois do meio dia.


Bianca Burnier

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