sábado, mayo 12



                Você parecia quase certa do que esperava de mim e eu praticamente estava me convencendo a ser o que você esperava. Era uma espécie de jogral, onde indistintamente lançávamos palavras e necessidades. E quando menos esperávamos de nós, era esse o momento que nos misturávamos em uma sintonia dissonante e as pequenas capilaridades do meu rosto derretiam-se por sobre o lençol da sua cama.

               Sempre fora engraçado fazer esse contraste a tudo que era relacionado a esse mundo que nos pertencia. Seu lençol branco e meu rosto derretido do lado da cabeceira. E essa espiral complementar que prosseguia torrencialmente pela borda dos seus pés e permeava alguns problemas antigos que eu aspirava poder reinventar como algo cabível e semelhante as vestes do meu corpo.

               E mesmo sangrando mais um pouco, era o que eu desejava. Essa cousa que caso interrompida fosse, poderia transgredir a minha alma e nos dias seguintes me fariam te esperar do outro lado da calçada. Não pude pedir o retorno de absolutamente tudo que adquirimos depois que as paredes partiram em retirada, e mesmo assim resisti a necessidade de ficar.





Parti sem nada.





E no seio impulsivo da angústia selvagem continuo do outro lado da calçada.








Ao seu lado.
Retornando a mim mesma.






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