Debaixo das unhas, nos braços, nas coxas, nas mãos
e entre os dedos.
Cada vez a morte era posta de forma diferente. A
conversa, as obviedades ditas durante as “terapias”. Aquela forma de lidar com
a própria dor. As unhas roxas, o frio, as agulhas. A contrapartida, o
contraponto, o contrário. Sete semanas trancada em si mesma e a loucura já
permeava a cor da pele. Os fragmentos não a seguiam, porém sabia de tudo que se
passava. Bastava estender a mão para que quisessem mordê-la, para os que queriam
um pedaço, se vangloriar era a maneira mais cruel de aceitar o contrário, o que
se era.
O mosaico neural sempre foi o paradigma, não me
impeça essa noite de esquecer, não me faça inibir o irreprimível. Ele sempre
esteve no canto da sala. Apenas se deite ao meu lado e me deixe ajeitar tudo.
Isso não é nada, o medo do escuro me deixa nervosa, ainda posso sentir o
formigar fazendo sinapses com as correntes, com a fileira. Morda a língua para
que o café que te bebe pela manhã não te traia.
Concentra-se na ausência das unhas, e na carne do
braço escreve um belo texto exaltando os arpejos degradantes do teu lado
direito. Prepare um enorme cortejo. Tocadores de tumba e viciados no meio da
rua.
Carolina Burnier
No hay comentarios.:
Publicar un comentario