O
músculo mais forte do corpo é o coração. Deparou-se com essa sentença alguns
anos antes. Passava pela rua e por descuido de alguém que passava próximo,
escutara essa frase. Esses acasos de
quando andamos na rua ou estamos no ônibus e de alguma forma captamos sons que
se perdem dos outros. Seria mais ou menos quando andamos distraídos e pelo
movimento da caminhada, os braços fazendo equilíbrio com o movimento das pernas
e nesse instante um estranho nos toca, quando as pontas dos dedos roçam na
roupa da pessoa que passa ao lado, na direção oposta ou na mesma direção.
Aquele espanto, o medo de sermos inconvenientes, de termos tocado algo além das
vestes e nesse simples descuido alguma fortaleza do outro desfarelar-se no ar.
“Desculpe-me”-
Repete-se de forma quase agressiva ao estranho, este simples erro de percurso
bastaria como algo pesado. E poderia algo mais ter sobrevida naquele restante
de destino? Tudo poderia constranger-se naquele toque, menos o coração. E certo
tempo depois entenderia de forma natural aquele acaso, como se aceita uma
realidade, não pela imposição de ocorrido, porém por ser tudo aquilo o tempo
inteiro e se quer dar-se conta.
E na realidade perceberia, “o coração sempre
fora um músculo secundário”. As mãos sangravam, os dedos sangravam, os pés
sangravam. O coração não, porque de certo na maioria das vezes vivemos tanto
tempo encharcados de alguma coisa, que quando por fim nos ferimos não
conseguimos identificar o que é aquela substância espessa que brota da nossa
superfície, pois que talvez fosse mais algum sentimento empapando a roupa e não
um corte profundo na carne. Por isso os desencontros viriam primeiro, porque sangrar
e tocar são verbos dedicados à imaterialidade.
O guardado no coração, não é amor ou qualquer
outra sensação, é apenas a resistência muscular de sobrevida do restante dos órgãos.
O sentimento é que aguarda o coração ser tocado pelo descuido, e após isso acontecer,
o que antes era vontade compacta torna-se mais maleável, aos poucos se
transforma numa espécie de líquido viscoso e atingindo o mais alto degrau de solubilidade
vai se esparramando por todas as ramificações do corpo, logo não havendo a
existência de nenhuma forma que poderíamos chamar de cardíaca como a anterior,
na forma sólida.
“O músculo mais forte do corpo é o coração”.
Deparou-se com essa sentença alguns anos antes . Escutara essa frase, como esses
acasos de quando andamos distraídos na rua, em nosso movimento natural da
caminhada, os braços fazendo equilíbrio com o movimento das pernas e nesse
instante de alguma forma captamos sons que se perdem dos outros. De imediato
temos certo espanto, o medo de sermos inconvenientes. Depois da frase, alguma inquietação instaurava-
se naquele restante de percurso e enquanto passava pela rua, por descuido seu, um
estranho que passava ao lado na direção oposta havia lhe encostado as pontas
dos dedos e no desencontro sua mão tocado em sua roupa. Nesse momento algo além das vestes tinham se
desmistificado e neste simples cenário alguma fortaleza desfarelou-se no ar.
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