sábado, febrero 19

Temporalidade

As sucursais que as pequenas mãos percorriam. Faria com que se lembrasse das noites que clareavam mais cedo.

Ultimamente escreveria sobre as noites transcorridas. Nunca souberam desse pesar, as palavras repetidas em versos livres limitavam em linhas exatas para um cantar futuro.

Se não houvesse voz, o esforço nostálgico das mobílias em também gritar não se faria necessário.

Nas ruas o que se ouve é silêncio, um grito quase triste dos transportes de massa que desviam das mobílias ambulantes que gesticulam agitadas, não se pode esbarrar nas coincidências. Não podemos nem ao menos perguntar as horas sem temer o risco de nos apaixonarmos pelos ponteiros. Exato, meio dia e quarenta e três. E pronto, amamos aqueles segundos pela certeza de sabermos as horas. Tudo questão de exatidão, uma simetria unilateral nos permite a vulgaridade da dúvida nos segundos que antecedem a pergunta afligida.

“Você pode me informar as horas?”

E aquele buraco se abre e nos engole no gozo da imagem refletida no espelho. Essas tais sucursais das pequenas mãos tateiam o rosto e identificam nas rugas as grades que te impediram do suicídio na janela e o ânimo que te agradece por mais uma chance concedida pelas próprias grades e pelo sentimento de fracasso que ocorreria se houvesse a ausência dos limites que nos cabem.

A frieza de nos apegarmos a esses elementos que são testemunhos do que se passa. Hoje, amanhã e antes de ontem, nunca se deve esperar nada de palavras que não passam de mera marcação lingüística de temporalidade.

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